BEM-VINDOS E ESPERO QUE PASSEM UM MOMENTO DE PRAZER

O luar desconhecido que nos fascina e descobre na penumbra











Nem sempre há luar onde o homem nasce







MENSAGENS


MENSAGENS

Obrigado, Mário.. É uma honra e um prazer ler o quão bem escreve.

Um abraço

Pedro Abrunhosa





segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

AS PALAVRAS...

Esperei aqui
a voz da palavra
dentro de mim...

sim, aqui...

vieram letras
que se juntaram
não, não são palavras...

cresce um fogo
e as letras estremecem
fortes
únicas...rompem
sílabas em compasso
dançam
atravessam poentes
gritam...sofrem
em vertigens de prazer...

as palavras...

Mário M.Carvalho

sábado, 29 de janeiro de 2011

ABSORVIDO...

Absorvido
a contemplar um verde
de primaveras
sobre o tempo liso
que foge em alvoradas...

navio solitário
na natureza ao meu lado
de mãos dadas com a luz
num lampejo recortado...

abre um caminho
num lago entre montanhas
na chuva incerta
em voos de inocência...

o lugar onde respiro
a porta secreta
ou a minha ausência...

Mário M.Carvalho

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

UM GRITO ENTRE OS DENTES...

Já não há frutos
nos espaços da terra
entre fontes secretas
e pedaços de pedra

aperta-se
um grito
entre os dentes...

propagam silêncios
as vozes choram
no destino vazio...

confundidos
na mágoa
ainda há revolta...

ouve-se no lodo
um grito
entre os dentes...

Mário M.Carvalho

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

JÁ NÃO SEI...

Sei,
onde tenho raiva
caído entre sementes
que secaram
e se desfazem
em cinza...

Sei,
das noites, todas as noites
quando o olhar baloiça
rasgado...

Sei,
a morte é carvão
poeira da noite
azeda...

...ah!... eu já não sei...

Mário M. Carvalho

domingo, 23 de janeiro de 2011

NA PALMA DE UM BEIJO...

Prometia um canto...estrelas
nebulosa em verso
escondido
que nos descobre as asas....

sobe devagar
em voos de fumo
amor ao vento
de breves manhãs
que nos vem chamar...

palavras de aromas...desejo
flores à beira de um rio
na alma solta
em raízes lavradas
na palma de um beijo...

Mário M.Carvalho

sábado, 22 de janeiro de 2011

A FERMOSURA DESTA FRESCA SERRA

Luís de Camões : A fermosura desta fresca serra
em 16/05/2007 18:30:00 (3076 leituras)
Luís de Camões
fermosura desta fresca serra
e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;


o rouco som do mar, a estranha terra,
o esconder do Sol pelos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;


enfim, tudo o que a rara natureza
com tanta variedade nos ofrece,
me está, se não te vejo, magoando.


Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
sem ti, perpetuamente estou passando,
nas mores alegrias, mor tristeza.


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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

PODEM LEVAR-ME ASSIM...

Andaram perto
de me tocar ...estava vazio
transpirei no meu laço
para ver o que faziam
atirei-me de espaço em espaço
entre palavras
algumas letras corriam
fugia...

chegaram
para me sacudir
depois de tanto rosto
ainda via...

depois de tanto texto
que estava ausente
ainda permaneciam
de cara erguida
para ver
o que perdia....

assim fica o que ficou
nem mais palavra
nem ponto
estava tudo escrito
em verso e reverso
acabou
como eu queria...

podem levar-me assim...

Mário M.Carvalho

O MEU GRITO... ( Livro dos vivos IV)

Eu apareci
vinha na barca do dia
saí do meu ovo
tinha asas, muitas asas...

voei para a montanha
sentei-me
alimentei-me...

tinha o poder
preso à minha cabeça
sobre mim
vim à minha existência...

desaterrei o meu caminho
construí a minha morada
ganhei as minhas forças
nos sopros do meu corpo...

sou eu
vi onde me encontrava
fui até às minhas extremidades
passei a pradaria pantanosa
a minha alma
saiu para todos os lugares...

libertei-me
atrás das estrelas infatigáveis
o meu rosto é alguém
subi todas as direcções
produzi as minhas sementes...

expulsei a minha saliva
os meus pensamentos
estavam presos no meu corpo
eu sou a minha memória...

suprimi as minhas trevas
iluminei-me
eu sou alguém que conhece
o meu nome...

coloquei-me sobre a colina
eu sou aquele
que pode sair à luz do dia
que se opõe aos senhores
às injustiças, às fomes, às guerras
à falsa política
à economia fraudulenta
à corrupção
eu vim à existência
para ser eu próprio...

a minha luz é eternidade
o meu corpo é perenidade...

criei o meu ninho no lugar dos vivos
ninguém destruirá os meus ovos...

Mário M.Carvalho


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A ESTRELA DA LÃ

Que força humana !
entre máquinas e fardos
em velos que desbordaram
lã que pentearam,
fio que vão tecendo
e, algumas vezes, tingem
com o próprio sangue

Que força humana !
rasgou a neve
alimentou ovelhas,
vestiu a dúvida
com lágrimas de coragem

Apenas brilhou a estrela !
que lhes deu luz
e lhes deu serra

mas eles não param !
nem o tempo
que os esqueceu...

Mário M.Carvalho - Covilhã -1987 ( socialmente histórico)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ONDE FICÁMOS...

O teu olhar escreve
o doce nas palavras
que os teus lábios
desenham...

no teu sorriso
emanam perfumes
de todos os néctares
que te escorrem da alma...

em voos delirantes
solta-se a esperança
do teu corpo...

ainda brilham
poemas
que sentimos...

o mesmo encanto
das aves
que passam...

onde ficámos...

Mário M.Carvalho

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

UM MENINO POBRE

Nasceu um menino
numa terra sem fim

filho do pôr-do-sol
era fresco como a terra escura e húmida
coberta de flores...
uma pétala azul

as manhãs passavam
no meio daquela chuva míuda
por ali brincava, corria
sempre descalço
na lama
não sabia que tinha de ir à escola
a fome vestia-o de frio

o menino não sabia que crescia
e que os seus braços
se transformavam em asas
e poderia voar

e aquela menina
que brincava com ele
e lhe dizia que ele havia de ser grande
fê-lo sentir-se alguém

o futuro era desconhecido
mas a esperança
só tinha um sentido
lutar pela mudança

Mário M.Carvalho - 1990 ( humanamente social)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

POVO CANSADO...

não nasci
para ter de viver
como até aqui
onde não há comer
isto não anda
a roda não gira
porque o povo não manda

diziam que eramos nós
que não sabiamos
trabalhar
mas eles é que não sabem
mandar
e enchem todos os bolsos
andam todos a roubar
e só nos deixam os caroços

está na hora de saírem
o povo já não os quer lá
veio tudo para a rua
não voltem mais para cá
o povo quer estar na sua
quer trabalho
e ter ordenado
não quer mais este baralho
o povo já está cansado...

Mário M.Carvalho

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

FLOR DO TEU CAMPO...

Foi nessa planície
verde e transparente
que um pastor
me ensinou a cantar
com as carricinhas
entre as papoilas...

como adoro o teu canto
e fomos ver o teu ninho...
passam abelhas
e borboletas
de todas as cores,
quanto perfume
emana nesse calor
derretido....

eu vivi no teu campo
carricinha,
entre narcisos
e rosmaninhos
com joaninhas...

foi aí que a conheci
perto de ti carricinha...

era uma flor que eu colhi
com mil cuidados...
ainda é a mesma flor
e sabe ao mesmo perfume...

só as tuas flores
são sempre iguais
como o teu canto...

eu quero sentir a mesma flor
e ouvir o teu canto
eu só quero esse amor...

Mário M.Carvalho

PÉTALAS DE SOL...

Tenho um barco
dentro de mim
com pétalas de sol
que ficaram
presas no meu olhar...

pétalas de sol
esfumadas
nas pupilas feridas...sem ar

a compasso
mordo o pão...

espero
o barco do meu corpo
preso ao chão...

uma ponte
corta o rio...

flutua no meu olhar...

Mário M.Carvalho

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ONDE SOMOS NUS...

Ouvir suave o teu corpo
brancas rosas
entre as nossas mãos
no espaço das palavras...

onde somos nus
devagar...

gestos de pele
e suor quente
tecem a sede...

arquejam reflexos
entre os astros
serenos...

declaramos nos olhos
o silêncio
prometido...amanhecemos

onde somos nus...

Mário M.Carvalho

domingo, 2 de janeiro de 2011

NO MEU FUNDO...

Senti as pernas presas
uma fundura
de ossos mastigados
em cicatrizes abertas...

fontes abandonadas
com a minha água
secou neste fogo
que me arde as pernas...

raízes arrancadas
com navalhas...

queria soltar as mãos
ardentes...transparentes...

e todos os espinhos
que ficaram...imundos

cravados no meu fundo...

Mário M.Carvalho

Póvoa de Varzim

Póvoa de Varzim

Covilhã

Covilhã

Coimbra

Coimbra