vinha na barca do dia
saí do meu ovo
tinha asas, muitas asas...
voei para a montanha
sentei-me
alimentei-me...
tinha o poder
preso à minha cabeça
sobre mim
vim à minha existência...
desaterrei o meu caminho
construí a minha morada
ganhei as minhas forças
nos sopros do meu corpo...
sou eu
vi onde me encontrava
fui até às minhas extremidades
passei a pradaria pantanosa
a minha alma
saiu para todos os lugares...
libertei-me
atrás das estrelas infatigáveis
o meu rosto é alguém
subi todas as direcções
produzi as minhas sementes...
expulsei a minha saliva
os meus pensamentos
estavam presos no meu corpo
eu sou a minha memória...
suprimi as minhas trevas
iluminei-me
eu sou alguém que conhece
o meu nome...
coloquei-me sobre a colina
eu sou aquele
que pode sair à luz do dia
que se opõe aos senhores
às injustiças, às fomes, às guerras
à falsa política
à economia fraudulenta
à corrupção
eu vim à existência
para ser eu próprio...
a minha luz é eternidade
o meu corpo é perenidade...
criei o meu ninho no lugar dos vivos
ninguém destruirá os meus ovos...
Mário M.Carvalho
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